sexta-feira, 17 de outubro de 2008

A Música...




Estava à toa na vida


O meu amor me chamou


Pra ver a banda passar


Cantando coisas de amor


A minha gente sofrida


Despediu-se da dor


Pra ver a banda passar


Cantando coisas de amor


O homem sério que contava dinheiro parou


O faroleiro que contava vantagem parou


A namorada que contava as estrelas parou


Para ver, ouvir e dar passagem


A moça triste que vivia calada sorriu


A rosa triste que vivia fechada se abriu


E a meninada toda se assanhou


Pra ver a banda passar


Cantando coisas de amor


Estava à toa na vida


O meu amor me chamou


Pra ver a banda passar


Cantando coisas de amor


A minha gente sofrida


Despediu-se da dor


Pra ver a banda passar


Cantando coisas de amor


O velho fraco se esqueceu do cansaço e pensou


Que ainda era moço pra sair no terraço e dançou


A moça feia debruçou na janela


Pensando que a banda tocava pra ela


A marcha alegre se espalhou na avenida e insistiu


A lua cheia que vivia escondida surgiu


Minha cidade toda se enfeitou


Pra ver a banda passar cantando coisas de amor


Mas para meu desencanto


O que era doce acabou


Tudo tomou seu lugar


Depois que a banda passou


E cada qual no seu canto


Em cada canto uma dor


Depois da banda passar


Cantando coisas de amor


Depois da banda passar


Cantando coisas de amor...




(Chico Buarque)

(Poema Três)

Um pouco de alento
um gosto no céu da boca,
na língua
e nas palavras.
(talvez pra chegar no céu, seja assim mesmo...)

Um sorriso rápido e limpo
como um jato d’água para os melhores dias
de calor intenso,
sob o céu que nos protege.



p.s. deixo-te o bilhete debaixo da porta,
para que assim eu possa te abraçar, enfim.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Esperando Godot



p.s. Por favor, o último a sair apague a luz.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

( Poema Dois )

Folhas de mandarim traz lembranças pretéritas.
A flor de laranjeira posta entre as folhas do livro
aguça a busca de elos mais fortes e duradouros.

Vem o cheiro de baunilha, âmbar e sândalo.
Entre os suspiros, as lágrimas e os desejos perdidos na madrugada;
entranhadas no corpo de cada recordação
cheios de fragmentos
e nós desatados,
nós cegos,
nós não conjugados…

A fragrância prolonga-se como um sonho,
dilatando o olhar do dia,
na sintonia com o mundo
e em sua busca.
A sua espera.

p.s. Leia-se também de baixo para cima.

Andarilha

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Simplesmente isso ( Poema Um )

Quando tua mão entrelaça a minha
e seu silêncio discreto
me aprova incondicionamente,
fico alegre.

Simplesmente isso.

Quando o teu sorriso
me acaricia a presença solitária,
exalo alegria.

Simplesmente isso.

Quando me olhas,
me enche de mel o coração
e me esquenta de alegria

Simplesmente isso.

Inquebrável união
alegria é nosso elo,
pelo coração.

Simplesmente isso.