quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Precisão





“O que me tranqüiliza é que tudo o que existe, existe com uma precisão absoluta. O que for do tamanho de uma cabeça de alfinete não transborda nem uma fração de milímetro além do tamanho de uma cabeça de alfinete. Tudo o que existe é de uma grande exatidão. Pena é que a maior parte do que existe com essa exatidão nos é tecnicamente invisível. O bom é que a verdade chega a nós como um sentido secreto das coisas. Nós terminamos adivinhando, confusos, a perfeição.” Clarice Lispector

quarta-feira, 23 de junho de 2010




(...) vou começar fazendo um breve resumo do que foi minha vida até agora." Domingo, 14 de junho de 1942.

Com essa frase retorno a escrever. Frase do Diário de Anne Frank, que sutilmente caiu-me as mãos no dia 14 de junho de 2010. A exatamente 68 anos, essa garotinha comove o mundo com seu Diário. Ela reforça em mim essa vontade de registrar, anotar, fatos do meu dia, das minhas emoções, percepções através do olhar da Andarilha.

Esses dias comecei um curso de fotografia digital. Estou adorando, e cada vez mais, só sei que nada sei.

Também andei triste com o desencarne do meu Doce e Amado Juliano. Mas acredito que não somos seres humanos em experiências espirituais, e sim somos espíritos em experiências materiais. Reforço a minha fé e acredito reencontrar-lo no Plano Espiritual, quando for a minha vez de seguir a Viagem.

Estamos em clima de Copa do Mundo. A alma está Verde e Amarela, com o coração a mil em emoções.

Volto!

domingo, 23 de maio de 2010

"...Que minha solidão me sirva de companhia.
que eu tenha a coragem de me enfrentar.
que eu saiba ficar com o nada
e mesmo assim me sentir
como se estivesse plena de tudo."

Clarice Lispector

sexta-feira, 21 de maio de 2010




"Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias,imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”.Amir Klink

p.s. Mercúrio e Netuno em conjunção;a Lua atinge a fase quarto crescente transitando por Gêmeos. Isso significa que muitas decisões precisam ser tomadas. Isto é sempre motivo de estresse para a alma libriana. Porém, dessa vez parece que o estresse não vai durar nada. Não pode durar.

quinta-feira, 20 de maio de 2010



Vida

A Vida é uma oportunidade : Aproveite-a
A Vida é beleza : Admire-a
A Vida é um dom: Aprecie-o
A Vida é um sonho : Realize-o
A Vida é um desfio : Aceite-o
A Vida é um dever : Assuma-o
A Vida é um jogo : Jogue-o
A Vida é cara : Preserve-a
A Vida è um tesouro: Conserve-o
A Vida é amor : Saboreio-o
A Vida é um mistério : Aprofunde-o
A Vida é uma promessa : Cumpra-a
A Vida é tristeza : Ultrapasse-a
A Vida é uma canção : Cante-a
A Vida é uma luta : Trave-a
A Vida é um perigo : Enfrente-o
A Vida é uma aventura : Ouse-a
A Vida é sorte : Mereça-a
A Vida é preciosa : Não a destrua
A Vida é Vida : Lute por ela.

Joana de Angelis /Divaldo Franco, Episódios Diários

p.s. De volta prá casa. As palavras precisam ser ditas e as emoções precisam ser vividas.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Dia 9

Pequena e sozinha,
cresço mais uma vez
para acolher você com a força
de um mundo.
(que você não quer mais)

Pensar Palavras

Música - O nome dela é Mart'nalia

Sei Lá A Vida Tem Sempre Razão(Vinicius de Moraes)


Tem dias que eu fico pensando na vida
E sinceramente não vejo saída
Como é por exemplo que dá pra entender
A gente mal nasce e começa a morrer
Depois da chegada vem sempre a partida
Porque não há nada sem separação

Sei lá, sei lá
A vida é uma grande ilusão
Sei lá, Sei lá
Só sei que ela está com a razão

A gente nem sabe que males se apronta
Fazendo de conta, fingindo esquecer
Que nada renasce antes que se acabe
E o sol que desponta tem que anoitecer
De nada adianta ficar-se de fora
A hora do sim é o descuido do não

Sei lá, sei lá
Só sei que é preciso paixão
Sei lá, sei lá
A vida tem sempre razão

p.s. o poetinha vai gostar de ouvi-la.

Dia 8

O caminho se faz, a partir do primeiro passo. O caminho das estrelas, Santiago de Compostela. Chapada Diamantina - Sertão da Bahia. Trilha do Descobrimento - Sul da Bahia. Nada disso importa. Quero apenas caminhar pelas minhas trilhas, descobrindo o momento presente. E de repente não-fazer-nada.

Leitura

Livro - Cartas a um jovem fotografo - O mundo através das lentes.

No imaginário coletivo, a figura do fotógrafo de moda vem envolta numa aura de glamour que nem sempre condiz com a realidade. Por outro lado, dizer que não há glamour nenhum e que a vida é só integridade, concentração, foco e trabalho seria tirar o verniz e o charme dessa atividade tão atraente. Cartas a um jovem fotógrafo conta um pouco dessa profissão, do ambiente que a cerca e das armadilhas, do ego e do mercado, que podem surgir na vida de qualquer um que decida usar a câmera como ofício e forma de expressão.
Em uma linguagem clara e objetiva, este livro traz as dificuldades, prazeres, oportunidades, ilusões e a realidade de uma profissão que se alimenta da criatividade e da sensibilidade.

domingo, 17 de maio de 2009

Férias



Venha! Sente aqui do lado, que eu vou contar sobre os dias....
Venha!




Dia 1

8 de maio, 18:40hs. Garagem. Carro. Som alto. Summertime ( uma canção de ninar envolta numa aura de mistério, feitiço, a um só tempo representando um canto de lamento e um hino à esperança).
Casa. Chuva. Sofá. Sono.

Dia 2

Sábado. Chuva. Chuva. Chuva. E não-fazer-nada.

Dia 3

Domingo.Dias das Mães. Lourdes. Trinta e dois anos.Presentes. Família. Lasanha. Carinhos. Saudades. Noite de insônia.

Dia 4

Beto. Beto. Beto. Caminhar. Oração. Insônia

Dia 5

Dia oco.

Dia 6

Dia oco

Dia 7

Tensão.


sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Pela manhã

Carl Bloch - Menina no Cais ( 1885 )

“Ante as dificuldades do cotidiano, exerçamos a paciência, não apenas em auxílio aos outros, mas igualmente a favor de nós mesmos.” (Emmanuel. Livro Encontro Marcado.)

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

terça-feira, 11 de novembro de 2008

(poema quatro)



a

vida

nesse

momento

é

infinta!

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

A Música...




Estava à toa na vida


O meu amor me chamou


Pra ver a banda passar


Cantando coisas de amor


A minha gente sofrida


Despediu-se da dor


Pra ver a banda passar


Cantando coisas de amor


O homem sério que contava dinheiro parou


O faroleiro que contava vantagem parou


A namorada que contava as estrelas parou


Para ver, ouvir e dar passagem


A moça triste que vivia calada sorriu


A rosa triste que vivia fechada se abriu


E a meninada toda se assanhou


Pra ver a banda passar


Cantando coisas de amor


Estava à toa na vida


O meu amor me chamou


Pra ver a banda passar


Cantando coisas de amor


A minha gente sofrida


Despediu-se da dor


Pra ver a banda passar


Cantando coisas de amor


O velho fraco se esqueceu do cansaço e pensou


Que ainda era moço pra sair no terraço e dançou


A moça feia debruçou na janela


Pensando que a banda tocava pra ela


A marcha alegre se espalhou na avenida e insistiu


A lua cheia que vivia escondida surgiu


Minha cidade toda se enfeitou


Pra ver a banda passar cantando coisas de amor


Mas para meu desencanto


O que era doce acabou


Tudo tomou seu lugar


Depois que a banda passou


E cada qual no seu canto


Em cada canto uma dor


Depois da banda passar


Cantando coisas de amor


Depois da banda passar


Cantando coisas de amor...




(Chico Buarque)

(Poema Três)

Um pouco de alento
um gosto no céu da boca,
na língua
e nas palavras.
(talvez pra chegar no céu, seja assim mesmo...)

Um sorriso rápido e limpo
como um jato d’água para os melhores dias
de calor intenso,
sob o céu que nos protege.



p.s. deixo-te o bilhete debaixo da porta,
para que assim eu possa te abraçar, enfim.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Esperando Godot



p.s. Por favor, o último a sair apague a luz.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

( Poema Dois )

Folhas de mandarim traz lembranças pretéritas.
A flor de laranjeira posta entre as folhas do livro
aguça a busca de elos mais fortes e duradouros.

Vem o cheiro de baunilha, âmbar e sândalo.
Entre os suspiros, as lágrimas e os desejos perdidos na madrugada;
entranhadas no corpo de cada recordação
cheios de fragmentos
e nós desatados,
nós cegos,
nós não conjugados…

A fragrância prolonga-se como um sonho,
dilatando o olhar do dia,
na sintonia com o mundo
e em sua busca.
A sua espera.

p.s. Leia-se também de baixo para cima.

Andarilha

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Simplesmente isso ( Poema Um )

Quando tua mão entrelaça a minha
e seu silêncio discreto
me aprova incondicionamente,
fico alegre.

Simplesmente isso.

Quando o teu sorriso
me acaricia a presença solitária,
exalo alegria.

Simplesmente isso.

Quando me olhas,
me enche de mel o coração
e me esquenta de alegria

Simplesmente isso.

Inquebrável união
alegria é nosso elo,
pelo coração.

Simplesmente isso.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Esse moço dos olhos azuis


Eu te Amo - Chico Buarque


Ah, si ya perdimos noción de la hora
Si juntos el futuro se demora
Cuéntame ahora cómo he de partir

Ah, si cuando te ví, me eché a soñar, fue casi desvarío
Romp con todo, quemé mis navíos
Cuéntame ahora adónde puedo ir

Tú y yo, si en travesuras de noches eternas
Ya confundimos tanto nuestras piernas
Dime con qué piernas debo seguir

Si dejaste derramar nuestra canción
Si en las arenas de tu corazón
Mi sangre erró de vena y se perdió

Cómo, si en el desorden del mueble extendido
Mi pantalón enlaza tu vestido
Y mi zapato al tuyo pisa aún

Cómo, si nos amamos, hechos dos paganos
Tus pechos aún están en mis manos
Dime con qué cara voy a salir

No, pienso que hacer la tonta tú aparentas
Te dí mis ojos a tener en cuenta
Cuéntame ahora como he de partir.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

My dear

Outro dia chorei de emoção ao ver uma reportagem na tv, sobre um caso de amor que une história e música clássica em Minas Gerais. Um casal escolheu uma cidade do interior pra viver e, lá na tranqüilidade curtem uma paixão antiga: música clássica, principalmente Mozart.

- Ele faz parte da nossa vida e torna ela mais completa. Sabe o que é entrar em alfa? De repente, você está sentado e você percebe que não está mais no chão. Você está flutuando a vários metros de altura e olhando para baixo. Comentou o casal.

Daí eles tiveram a feliz idéia de compartilhar desses momentos, com toda a cidade.Pegam uma caixa de som, sobem um morro e ligam o som bem alto. A música ecoa por todos os lugares. Espalhando-se pela cidade e pelas montanhas. As pessoas ficam procurando saber onde tem música. Eles são atraídos. E o simpático casal, ganham companhia. É uma sensação divina.

E fico pensando na generosidade desse casal emcompartilhar dessa beleza, desses momentos com o povo da cidade.

Nada existe que evoque mais a memória afetiva que os fundos musicais que formam a trilha sonora da nossa vida.


p.s. Sinto vontade de fazer cabaninha com o edredom e ouvir música. Sozinha, mas, dentro do possível, feliz.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Amor e Paixão - Flavio Gikovate




Tenho ouvido muitas definições de amor e paixão: "Amor é legal, paixão é doença"; "Paixão é imaturidade, coisa de adolescente, mas amor é sentimento maduro"; "Amor é o que sobra depois que acaba a paixão".

Costumo definir o amor como um instinto, separado do sexual, que busca a sua realização por meio do estabelecimento de uma relação estável com outra pessoa. Ou seja, o amor é paz e harmonia ao lado de alguém especial, com o qual voltamos a nos sentir completos – talvez como estivemos um dia, no útero ou no colo de nossas mães.

Quanto mais qualidades esse escolhido tem, mais fortes ficam nossos sentimentos por ele. Quanto mais defeitos, mais forças surgirão para nos afastar desta criatura.

Todos nós, ou quase todos, temos o sonho romântico de mergulhar por inteiro numa relação desarmada com outra pessoa e, de uma certa forma, reconstruirmos a simbiose uterina. Ao mesmo tempo morremos de medo desta diluição, desta perda de limites e de individualidade na relação com o outro.

Esse temor não é uma emoção ilógica e covarde. Nossa individualidade fica efetivamente ameaçada na fusão romântica – o medo reflete este perigo real. O que fazem as pessoas? Costumam se encantar por alguém com uma certa quantidade de qualidades – fatores de atração – e também uma certa dose de defeitos – fatores de repulsão.

Desse modo se compõe um equilíbrio estável, onde os defeitos são tão necessários quanto as qualidades! Sim, porque eles nos afastam e garantem nossa identidade, nossa individualidade.

A afirmação de que o amor é o que sobra quando acaba a paixão tem sido na seguinte situação: uma pessoa se encanta por outra e fica tão deslumbrada por ela que só vê suas qualidades. A emoção cresce e, com ela, o medo de perder a individualidade. Esta forte emoção se chama paixão. Porém, com o convívio, a pessoa vai deixando de ser tão cega e passa a ver os defeitos do amado. Aí diminui a emoção e o medo da fusão com o outro. Acabou a paixão e sobrou – quando "sobra" – o amor.

Vamos supor agora uma situação diferente. Não é nada incomum que uma pessoa conheça e se encante por outra que efetivamente quase não apresente defeitos (é claro que estou aqui chamando de defeito as coisas que aborrecem, desagradam, irritam e subtraem a confiança da outra pessoa). Surge o encantamento forte e ele tende a crescer cada vez mais, uma vez que não existem problemas para agir como forças contrárias ao amor.

O sentimento é fortíssimo e o medo é brutal, porque parece que estamos sendo sugados pela pessoa amada. Isto é paixão: a mistura de um amor de intensidade máxima com um enorme medo. O coração não bate de amor, bate de pavor! Vivemos um estado de alarme, quase de guerra.

Acordamos de madrugada já pensando nisto, não conseguimos nos alimentar e pensamos obsessivamente no amado. Tememos perder nossa individualidade e também o amado que, sabemos, vive pânico igual ao nosso e pode não suportar a ameaça do amor e decidir romper a relação.

Na paixão não se suporta ficar junto nem separado! Ao estar junto, falta o ar. Ao se afastar, falta o sentido da vida. Não é à toa que as pessoas se apaixonam mais facilmente quando há obstáculos externos: distância geográficas, pessoas que sejam casadas, etc. Eles garantem um certo espaço de afastamento e, portanto, de exercício da individualidade.

Não é sem razão que a maioria das paixões não se transforma em relação estável. Na ausência de defeitos, o amor não diminui, nem o medo. Este último acaba por predominar e, sob vários pretextos, as pessoas acabam se afastando dos seus amados.

Não é sem razão também que a maioria das pessoas se casa com parceiros ricos em defeitos e com os quais se irritam bastante. É para que o sentimento que os une não seja forte o suficiente para perturbar a individualidade. Palavras como imaturidade, doença e outras que se usam para definir a paixão devem, também, ser estendidas para o amor! Ainda temos muito o que aprender sobre este assunto.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

A metáfora




"No mistério do Sem-Fim,
equilibra-se um planeta.
E, no planeta, um jardim,
e, no jardim, um canteiro:
no canteiro, urna violeta,
e, sobre ela, o dia inteiro,
entre o planeta e o Sem-Fim,
a asa de urna borboleta."
(Cecília Meireles)

p.s. Resumo de uma utopia: somos a borboleta. Nosso mundo, destino, um jardim.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

19 DE AGOSTO - Dia Mundial da Fotografia

Foi numa manhã, mais precisamente no dia 19 de agosto de 1839, que a fotografia se tornou de domínio público em território francês. O anúncio oficial foi feito na Academia de Ciências e Artes de Paris, pelo físico François Arago, que explicou para uma platéia espantada os detalhes do novo processo desenvolvido por Louis Jacques Daguerre. O físico apresentava e doava ao mundo o daguerreótipo.

Naquele momento o ato parecia uma mágica. Uma caixa escura, ferramenta capaz de captar e fixar numa superfície o mundo "real". Dizem as lendas que em seguida à cerimônia várias pessoas saíram as ruas em busca de uma máquina de fazer daguerreótipos e essa vontade de produzir imagens nunca mais cessou.

Um artigo publicado no jornal alemão Leipziger Stadtanzeiger, ainda na última semana de agosto de 1839, ajuda a compreender melhor este confronto:"Deus criou o homem à sua imagem e a máquina construída pelo homem não pode fixar a imagem de Deus. É impossível que Deus tenha abandonado seus princípios e permitido a um francês dar ao mundo uma invenção do Diabo".(Leipziger Stadtanzeiger ,26.08.1839, p.1) A nova concepção da realidade conturbou o mundo cultural e artístico europeu.

Como entender que a fotografia viesse para ficar, a não ser em substituição das tradicionais formas de representação? Já se havia gasto vãs sutilezas em decidir se a fotografia era ou não arte, mas preliminarmente, ainda não se perguntara se esta descoberta não transformava a natureza geral da arte e da cultura.

A nova invenção teve importância mais filosófica do que científica. Nasceu dentro do germe da sociedade industrial e a partir desta data o mundo nunca mais seria o mesmo.

(Enio Leite - Diretor da Focus Escola de Fotografia - http://www.escolafocus.net)



Brindo a essa data com uma foto da fotógrafa Annie Leibovitz. John Lennon e Yoko Ono abraçados, ele nu, ela vestida. Dois ou três cliques na máquina só para testar, depois um único clique: está feita a grande foto de capa da Rolling Stone do dia 22 de Janeiro de 1981.


>"Amar é saborear nos braços de um ente querido a porção de céu que Deus depôs na carne." Victor Hugo.

Cinco horas após esta sessão, à saída do apartamento onde abraçou Yoko para a Rolling Stone, Lennon é assassinado por um fã, Mark David Chapman, de 25 anos.

Cinco horas antes, o Sol ainda brilha para o autor do hino pacifista mais cantado do mundo, Give Peace a Chance. A sala onde decorre a sessão fotográfica deixa passar uma luz acolhedora sobre os ocupantes. Yoko recordará numa entrevista o ambiente "de confiança" em que a foto foi tirada: "Estávamos os dois confortáveis, inspirados."

John e Yoko estão satisfeitos porque consideram que a fotografia "retrata fielmente" a relação do casal.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Minas Gerais e seus Profetas



Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, concluiu as esculturas dos Profetas, em 1800. As esculturas foram feitas em pedra sabão, e em altura de 1,60cm cada uma.Em 1985 todo conjunto barroco é tombado pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade.

Das Minas Gerais...Ânima


(Da promessa do português Feliciano Mendes que alcançando a graça da recuperação de sua saúde, após anos de exploração de jazidas de ouro, iniciou em 1765 a construção do Santuário Bom Jesusem homenagem ao Senhor Bom Jesus da cidade de Matosinhos em Portugal. O santuário tem o precioso trabalho de Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.)

Lapidar minha procura toda trama
Lapidar o que o coração com toda inspiração
Achou de nomear gritando... alma
Recriar cada momento belo já vivido e mais,
Atravessar fronteiras do amanhecer,
E ao entardecer olhar com calma.



(Ouro Preto/Minas Gerais/Brasil. Todo o conjunto arquitetônico é tombado pela Unesco, como Patrimônio Cultural da Humanidade.)


Viajar nessa procura toda de me lapidar nesse momento agora
de me recriar, de me gratificar de custo alma,
eu sei da casa aberta onde mora o mestre, o mago da luz, onde se encontra o templo
que inventa a cor e animará o amor onde se esquece a paz
Alma vai além de tudo que o nosso mundo ousa perceber
Casa cheia de coragem, vida todo afeto que há no meu ser
Te quero ver,
te quero ser
Alma.


(Miltom Nascimento - Ânima)

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Pela janela, a paisagem

Um mar de Montanhas



Em Minas Gerais, eles não têm praias, mas tem um "mar de montanhas". Encantada fiquei ao passar pela Itabira de Carlos Drumonnd de Andrade e recordei a sua saudade longe de casa,em Confidência do Itabirano:




Alguns anos vivi em Itabira.
Principalmente nasci em Itabira.
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta por cento de ferro nas almas.
E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação.

A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,
vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes.
E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,
é doce herança itabirana.

De Itabira trouxe prendas que ora te ofereço:
este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;
este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas;
este orgulho, esta cabeça baixa...

Tive ouro, tive gado, tive fazendas.
Hoje sou funcionário público.
Itabira é apenas uma fotografia na parede.
Mas como dói!


E retorno prá casa!

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

P.s. Poesia de Baudelaire, astros... (previsões)

Correspondências
Baudelaire

Da Natureza, templo de vivos pilares,
Uma fala confusa muitas vezes sai;
Pela selva de símbolos o homem vai
Sob a contemplação de íntimos olhares.

Como ecos distantes que confundem tons
Numa crepuscular e profunda unidade,
Tão vasta como a noite e como a claridade,
Conversam os perfumes, as cores, os sons.

Há cheiros frescos como dos recém-nascidos,
Doces como oboé, verdes como um jardim
-- e outros triunfais, ricos e corrompidos,

Com toda a expansão dessas coisas sem fim,
Como âmbar, almíscar, benjoim e incenso,
Que cantam os sentidos e a mente em ascenso.

(tradução Jorge Pontual)


p.s.1. Marte e Urano em oposição, o mesmo entre Mercúrio e Netuno; Lua cresce em Libra. Os astros dizem que certas discordâncias podem ser desculpadas, porque nada significam. Porém, há outras que precisam ser enfrentadas, empunhando a espada do discernimento, já que não é possível deixar que sua reputação seja atacada de forma impune.

p.s.2. Respiro fundo e mergulho no isolamento do tempo.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Pastéis de Belém, conchas do mar da Túnisia e Bachianas de Villas Lobos.

Ontem, a noite foi consagrada com uma verdadeira volta ao mundo, primeiro fui a uma Feira Internacional de Artesanato. Irresistível. E tentador foi a barraca de Portugal com seus pastéis de Belém e pastéis de Nata. E eu achava que só ia provar essa iguaria lusitana quando lá em Portugal fosse. Mas não! Enfim pude antecipar minha curiosidade e meu prazer! Decerto, com uma pequena Gula,já que não existe pecado abaixo da linha do Equador, voltarei no fim de semana e provarei o Pastel de Belém com recheio de Damasco.

Entre uma tentação e outra, achei num cesto de quinquilharias, uma pulseira de conchas do mar. Belíssima. Vinda da ilha de Djerba, na Tunísia, no Golfo de Gabes. Andei lendo que lá a região é conhecida pelos seus hábeis artesãos, e pelas suas praias de areia fina... as conchas são delicadas e já estão na caixa de conchas, aumentando minha coleção.

Depois da Feira, as Bachianas Brasileiras de Heitor Villa-Lobos e a influencia de Bach em sua música, uma outra viagem... agora no Teatro Gustavo Leite com a apresentação da Orquestra Sinfônica do Mato Grosso, em turnê, com no Projeto Sonora Brasil. Um espetáculo primoroso.

Villa encontra Bach no sertão

O contato de Villa-Lobos com as obras de Bach se deu ainda na infância, através do grupo de amigos de seu pai, todos músicos amadores, que tocavam em sua casa, duas vezes por semana. Quando a música interpretada era de Bach, o jovem Heitor saía da cama, em camisa de dormir, e se escondia embaixo da escada para escutar. Sua tia paterna Zizinha (Maria Carolina Rangel) sabia que bastava iniciar uma peça de "O Cravo Bem Temperado" ao piano para ver surgir o pequeno sobrinho."(...)

(...)"Nas suas Bachianas, por exemplo, sente-se muito das cousas sertanejas. Na prodigiosa polifonia que é a nº 1, conseguida apenas com oito violoncelos, está nítido o panorama das caatingas, sob o galope dos touros bravos e dos vaqueiros. Julga-se que nessa obra mestra do artista, vive o mistério que povoa a alma do sertanejo.Villa-Lobos contou que havia encontrado esses elementos melódicos à maneira de Bach, em plenos sertões, em meio de vaqueiros e cantadores, assim está adequado o título de 'Bachianas Brasileiras'."


Ao sair do Teatro, caia uma fina e fria chuva, e suavemente ao caminhar, pensei com meus botões, qual seria a resposta da frase que escrevi no cartão que fiz, outro dia! Porque basta olhar, olhar, para saber onde brota a dor e a alegria em cada um. Somos como a paisagem da chuva que cai, e enfeita a noite, calma e cheia de harmonia. E sorri ao sentir como o afeto de muitos dias, me abastece. É uma sintonia, um conhecimento, que não carece de palavras. E merecemos cada segundo dessa afinada cumplicidade.

P.S.: A frase é : se eu voar, você me segue?

quinta-feira, 24 de julho de 2008

(contoumconto XX )

O Azul do Mar

A menina corria com suas mãos fechadas em concha, tentando pegar um pouco de água. E a água escorria. Ela não desistia, e assim que as ondas quebravam, e as espumas se espalhavam ela corria e rindo pegava um pouco mais de água, que logo escorria. A mãe vendo o movimento da filha, longe das outras crianças, pergunta-lhe:

- Filha, porque não brincas com as outras crianças? E a menina no encanto da primeira infância, lhe responde:

- Eu quero levar um pouco dessa água azul, junto comigo. A mãe sorri e abraçando a menina, sussurra ao seu ouvido:

- Essa água pertence a Deus, mas sempre estará contigo, basta que nunca o esqueças.

Ela compreendeu que a magia do olhar estaria presente sempre em perspectivas silenciosas.

E a menina nunca esqueceu.

(Andarilha)

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Fragmentos de uma tarde de inverno.

"Qualquer
coisa que você
possa fazer ou
sonhar, você
pode começar.
A coragem
contém em si
mesma,
poder,
o gênio e a
magia".
(Goethe)


p.s.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Julho, o mês dos prazeres simples da vida.





Em Julho homenageava-se Ceres, a deusa romana da agricultura, oferecendo-lhe vinho e mel para que o clima se mantivesse ameno e favorecesse as colheitas.

Ceres representa a experiência da maternidade, não só a gestação física, mas a experiência da Grande Mãe, da descoberta do corpo como algo precioso e valioso que requer muita atenção. Significa os prazeres simples da vida, a consciencialização de que somos parte da natureza. Ceres representa uma sabedoria não racional, que vem da natureza, da capacidade de esperar até que as coisas estejam maduras para agir.

(Adaptado de Infopédia, Julho)

terça-feira, 15 de julho de 2008

Flores Raras e Banalissimas

Acabo de ler o livro Flores Raras e Banalíssimas de Carmen Lúcia Oliveira. É a história de Elizabeth Bishop e Lota de Macedo Soares, muito bem contada. A história de Bishop e Lota é intensa, o encontro de dois gênios, uma das maiores poetas da língua inglesa e a criadora do Aterro do Flamengo, modernista e carioca apaixonada.


(...)
Era uma noite prodigiosa (...). O céu era tão profundo e claro que, ao fitá-lo, não havia outro remédio senão a gente perguntar, involuntariamente, a si mesma se era verdade que sob semelhante céu pudessem viver criaturas tão más e tétricas.

Lota e Bishop estavam sentadas no sofá, com uma manta sobre os joelhos. Fazia um friozinho. Apenas uma arandela estava acesa, jogando uma luz difusa para o alto.

Bishop se entregava à tranqüilidade suave daquele instante. Estava feliz. Depois de quatro anos de tormento para conseguir escrever, chegara aquele [1956] bonançoso. Tinha publicado um livro, tinha merecido o prêmio [Pulitzer] mais importante por ele. Verdade que ao invés dos cinco mil dólares esperados tinha recebido apenas quinhentos. Em compensação, tinha sido contemplada com uma bolsa inesperada da Partisan Review. Tinha concluído a tradução de Minha vida de menina e conseguido que Farrar, Straus, and Giroux a publicasse. Já estava escrevendo novos poemas.

Lota falava, prazenteira. Estava orgulhosa da sua Cookie. Por seu turno, garantia, ia importar, ia improvisar, ia endoidecer, mas até o final do ano a casa estaria concluída. Então poderiam ir juntas para Nova York, para ficar o tempo que Bishop quisesse.

Como há quase cinco anos, Bishop escutava em silêncio. a mão na mão de Lota. A voz de Lota caía bem com aquela penumbra. Bishop queria cantar aquela intimidade, a doçura daquele toque, a pertinência daquela vidinha obscura no meio do mato.

Um salmo começou a se delinear. Nos dias que se seguiram, Bishop iniciou um poema de louvação àquela amor, louvando aquela casa. Não como um marco de arquitetura, mas como uma permanente open house à natureza, onde a neblina entrava pela janela e atravessava a sala indolentemente no meio de uma conversa.
(...)
Fonte: Oliveira, C. L. 1996. Flores raras e banalíssimas: a história de Lota de Macedo Soares e Elizabeth Bishop, 2a edição. RJ, Rocco.



Soneto
Elizabeth Bishop, 1928

Eu preciso de música que flua
nas pontas finas, frágeis dos meus dedos,
nos meus lábios amargos de segredos,
com melodia líquida e nua.
Ah, a antiga ginga sã e crua
de uma canção que aos mortos dê guarida,
água que me cai sobre a testa erguida,
o corpo febril, um brilho de Lua!

A melodia pode enfeitiçar:
magia calma, respiração pura,
um coração que afunda no abandono
da mansa, escura imensidão do mar
e flutua pra sempre na verdura,
amparado no ritmo e no sono.

tradução, Jorge Pontual

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Haicai

(Inverno) I

Deixe voar
por dentro e por fora
até perder o silêncio.

(Jul,2008- Andarilha)

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Haikai (I)

No outono

a alma entregue em paz:

ditados do coração.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Carmina Burana

Veris leta facies

A alegre face da primavera
Volta-se para o mundo,
O rigoroso inverno
Já foge vencido,
Com sua colorida vestimenta
Flora preside,
Docemente a floresta
Em cantos a celebra. Ah!

Estendido no regaço de Flora
Febo mais uma vez
Sorri, agora coberto
De flores multicores.
Zéfiro respira
Seu suave odor,
Corramos a concorrer
Ao prêmio do amor. Ah!

O doce rouxinol
Faz soar sua lira,
Já riem
As luminosas clareiras floridas,
Saem os pássaros e revoada
Dos bosques encantadores,
E o coro das donzelas
Anuncia delícias mil. Ah!

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Que seja doce

Era uma toalha branca. Dois pratos brancos, com detalhes quadriculados nas bordas. E dois copos pequenos.

Em um dos pratos, maçãs fatiadas e cuidadosamente arrumadas. Entre as fatias das maçãs, balinhas coloridas. Depois vieram os bombons, recheados de pedaços de cerejas e licor, colocados entre as fatias de maças e as balinhas coloridas.

No outro prato, dois copos vazios. Que esperavam receber o líquido que brindaria o mágico momento.

Fechando o ciclo, uma folha seca, representando a natureza outonal e três conchas do mar que pelo fato delas guardarem um pouquinho do território de segredos, através da misteriosa acústica que reproduz as ondas oceânicas, tornou-se o símbolo da fecundação, eternizando os momentos.

E como num ritual de contemplação à memória, em todas as outras manhãs, ao abrir as janelas para deixar entrar o sol ou o cinza dos dias, repete sete vezes para dar sorte: que seja doce que seja doce que seja doce que seja doce que seja doce que seja doce que seja doce.

Outono, Junho de 2008.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Navegar é preciso... Viver não é preciso



Quem tem um amigo, mesmo que um só, não importa onde se encontre, jamais sofrerá de solidão; poderá morrer de saudades, mas não estará só.
Amir Klink


p.s. Adorei a Palestra: Administração de Riscos.

(II)

Agora a menina é uma mulher. Com uma dor, deixada em segundo plano.

Respeitando a escolha. Violentando a vontade e suportando a convivência com aqueles pedaços dela.

Não olhava para trás. Não parava para pensar na falta. Apenas agradecia porque aquele sofrimento tinha acabado. Ainda levou um tempo para lembrar.

Uma mulher-adulta, onde a criança recorda da mãe que, aos poucos, foi desaparecendo.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

(I)



- Menina, sapato virado pra baixo, é agouro. A mãe morre! Gritava à avó, na cozinha.

E a menina corria e desvirava todos os sapatos e esperava sorrindo com isso o agradecimento de Deus por ela ter salvado a mãe.

E voltava a correr pela casa. Feliz e inocente.

Solilóquio a Virgina Wolf ou Sobre os silêncios necessários

Ela saiu decidida a comprar as flores naquela manhã de maio. Era quase junho, onde tudo refulgia.

E com seu chapéu de plumas que combinava com a sombrinha e a echarpe em tons amarelados, estava certa de que "o seu único dom era conhecer as criaturas quase por instinto".

Andarilha
Outono,Maio, 2008

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Triste Andarilha

Teu coração, Ágata, costuma voar?
Longe do negro mar da imunda cidade,
Para um outro oceano de esplendor sem par,
Azul, claro, profundo como a virgindade,
Teu coração, Ágata, costuma voar?

O mar, o vasto mar consola nossas dores!
Que demônio deu à fala rouca do mar,
Ao som do imenso órgão dos ventos cantores
Esta missão sublime de nos embalar?
O mar, o vasto mar consola nossas dores!

Seqüestra-me, fragata! leva-me, vagão!
Para longe! Aqui o choro vira lama!
Será de Ágata o triste coração
Que diz: longe das dores, dos crimes, do drama,
Seqüestra-me, fragata, leva-me, vagão?

Como estás longe, paraíso perfumado,
Onde só um amor feliz pode viver,
Onde o que se ama merece ser amado,
Onde a alma se afoga no puro prazer!
Como estás longe, paraíso perfumado!

Mas o paraíso da primeira paixão,
As festas, os buquês, os beijos, as canções,
Violinos vibrando à tarde no verão,
À noite, nos bosquinhos, vinho aos borbotões
-- Mas o paraíso da primeira paixão,

O paraíso infantil do prazer furtivo
Estará mais longe que a Índia e o Nepal?
Pode chamá-lo nosso choro convulsivo
Para ressuscitá-lo com voz de cristal,
O paraíso infantil do prazer furtivo?

Charles Baudelaire